segunda-feira, 12 de outubro de 2009
CLARICE LISPECTOR
O AMOR VEM PRA CADA UM...
"Quando fazemos tudo para que nos amem e não conseguimos, resta-nos um último recurso: não fazer mais nada. Por isso, digo, quando não obtivermos o amor, o afeto ou a ternura que havíamos solicitado, melhor será desistirmos e procurar mais adiante os sentimentos que nos negaram. Não fazer esforços inúteis, pois o amor nasce, ou não, espontaneamente, mas nunca por força de imposição. Às vezes, é inútil esforçar-se demais, nada se consegue; outras vezes, nada damos e o amor se rende aos nossos pés. Os sentimentos são sempre uma surpresa. Nunca foram uma caridade mendigada, uma compaixão ou um favor concedido. Quase sempre amamos a quem nos ama mal, e desprezamos quem melhor nos quer. Assim, repito, quando tivermos feito tudo para conseguir um amor, e falhado, resta-nos um só caminho ...
o de mais nada fazer."
"Acho que devemos fazer coisas proibidas, senão sufocamos. Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres."
SOU TODA URGÊNCIAS..
"Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas; minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos. Eu caminho, desequilibrada, em cima de uma linha tênue entre a lucidez e a loucura. O que tenho de mais obscuro, é o que me ilumina. E a minha lucidez é que é perigosa."
"... Sabe o que eu quero de verdade ?! Jamais perder a sensibilidade, mesmo que às vezes ela arranhe um pouco a alma. Porque sem ela não poderia sentir a mim mesma ..."
"Sou inquieta, áspera e desesperançada, embora amor dentro de mim eu tenha. Só que eu não sei usar amor. Se tanto amor dentro de mim eu tenho, e no entanto eu continuo inquieta, é que eu preciso que o Deus venha - antes que seja tarde demais...
Mas eu sei que vou ter paz antes da morte, que vou experimentar um dia o delicado da vida."
CLARICE LISPECTOR
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