quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
REFLEXÃO PARA 2010
Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje. Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo. Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus. Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar. O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma. Tudo depende só de mim.
Charles Chaplin
Desejo a todos que esse novo ano que se aproxima seja cheio de conquistas e principalmente de busca de novos olhares.
Feliz 2010
Carinho
fay
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
ÉS MINHA...
És minha!
A mim tu pertences!
Te abrigo ou castigo,
Te amo ou subjugo.
É a mim que te entregas.
É em mim que te esfregas.
Dou a ti meu prazer.
Tens em mim teu querer.
Te domo e te tomo,
Te levo a loucura.
Te abato ou te bato,
Ou te trato com doçura.
De ti tiro mel
No teu corpo que sugo.
A ti dou meu mel
Teu alimento é meu sumo.
Te aparo e te amparo,
Te tomo e te taro.
Tens tudo de meu.
Sentidos mais raros!
De ti sou teu dono,
Entranhas e carnes.
Sou o ser que te consome.
É em mim que tu ardes.
Se minha tu és,
Em contrapartida teu eu sou
Se estás aos meus pés
É aos teus pés que estou!
Marcos Woyames de Albuquerque
OBEDECER
Obedecer é difícil por isso faço.
Obedecer machuca e não dói na pele.
Que importa a dor do corpo? Isso é fácil!
Conter o desejo, dobrar a vontade do Amado.
Isso dói, pega no fundo, curte o desejo, fortalece a vontade.
Dá ao corpo a sensação de profunda capacidade.
Disciplina do ego.
O maior poder da vontade é anular-se.
Obedecer é força.
Obedecer é duro, por isso eu faço.
(Patrícia Clemente)
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
O colecionador de cenas
Colecionava cenas. Não fazia questão de que elas perdurassem ou se repetissem durante a sua vida. A simples lembrança delas era suficiente para que o deleite invadisse os seus nervos. Tinha muitas. Uma das preferidas era a jovem loira, nua, sentada sobre seu corpo a lhe estapear as faces. Havia inocência demais naqueles olhos azuis que observavam o rosto que ela cobria do mais estranho prazer, inocência que jamais voltaria a ser a mesma.
Lembrava também da outra menina que, só para satisfazê-lo, de surpresa roubara as luvas negras de pelica da avó, vestira a calça de couro mais apertada – é a moda, disse para a mãe – e até mesmo conseguira um quepe do exército para fingir autoridade. Ela compusera um personagem dos mais vis apenas para fazê-lo ter prazer. E sob aquele quepe, a segundos havia uma cabeça supostamente pura. Como saber?
Na outra ocasião, dentre as que guardava com carinho, teve que torcer muito as costas pois estava preso por correntes à cabeceira da cama. E o que viu foi um chicote pendendo de uma mão e de um braço muito brancos. Mas a lembrança que ele mais guarda dessa ocasião não é a imagem, mas um som que consistia das palavras “cala a boca” após ele ter dado o primeiro e único gemido daquela noite. A espontaneidade da frase, inesperada, quase uma sonata improvisada, viera da boca que há poucos dias lhe pedira um chocolate no cinema.
Não, não colecionava cenas. Colecionava inocências.
Na ausência do desejo
Permita que eu desapareça na ausência de seu desejo. Como se minha existência dependesse dele, seu querer daria sentido à minha carne. Eu não seria um fantasma, eu não seria vento, eu não seria coisa alguma nas horas em que suas vontades mais lúbricas estivessem distraídas. Mas nos momentos em que elas estivessem atentas, eu me materializaria pronto pra você e só pra você. Somente a eterna danação de um desejo consistente iria dar a mim o pleno existir. E que, nesse pleno existir, eu pudesse dar a você não a tristeza da satisfação rápida e frustrante, mas o prazer de algo que aumenta a cada segundo e não tem pressa de se consumir. Que eu seja assim, uma vítima de seus caprichos sejam eles os mais doces, sejam eles os mais perversos. Não importa.
De outra forma, que eu seja evanescente como as sombras dos últimos segundos do entardecer, que aos poucos se misturam umas às outras e finalmente se tornam aquilo que costumeiramente chamamos de noite.
De carne e outros materiais
Uma mulher, neste momento, secretamente, crava poesia em minha carne. E a poesia, feita não da emocionalidade, que turva a vista, mas da matéria pulsante que move a roda do mundo, enche a minha vida agora, como a palavra penetra o papel. Essa mulher eu aguardo. Não sei se vai chegar. Porém a ausência de ansiedade, faz de mim não um platônico ou um idealizador. Sou, pela graça deste instante, um ser cheio de antecipações que podem concretizar-se ou não, indiferentemente, pois o que importa é o presente. Apenas isso. E não preciso ser mais nada. Se eu fosse uma boca, salivaria. Porém, sou um homem e, como tal, a receberei.
quinta-feira, 12 de novembro de 2009
ESCRAVA
Ó meu Deus, ó meu dono, ó meu senhor,
Eu te saúdo, olhar do meu olhar,
Fala da minha boca a palpitar,
Gesto das minhas mãos tontas de amor!
Que te seja propício o astro e a flor,
Que a teus pés se incline a terra e o mar,
Pelos séculos dos séculos sem par,
Ó meu Deus, ó meu dono, ó meu senhor!
Eu, doce e humilde escrava, te saúdo,
E, de mãos postas, em sentida prece,
Canto teus olhos de oiro e de veludo.
Ah, esse verso imenso de ansiedade,
Esse verso de amor que te fizesse
Ser eterno por toda a Eternidade!...
Florbela Espanca
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
É QUANDO ESTÁS DE JOELHO....
É quando estás de joelhos
que és toda bicho da Terra
toda fulgente de pêlos
toda brotada de trevas
toda pesada nos beiços
de um barro que nunca seca
nem no cântico dos seios
nem no soluço das pernas
toda raízes nos dedos
nas unhas toda silvestre
nos olhos toda nascente
no ventre toda floresta
em tudo toda segredo
se de joelhos me entregas,
sempre que estás de joelhos,
todos os frutos da Terra.
David Mourão Ferreira
ORAÇÃO AO PÉ FEMININO
Vem com pés de lã passear pelo meu peito.
Vem de manso ou de repente, pé de anjo, vem de qualquer jeito.
Domar o meu espanto
de ser subjugado sob os pilotis das coxas do objeto amado.
Vem com uma pulseira de cobre nos artelhos,
exorcizar os mil demônios
que se enroscam entre os meus pentelhos.
Vem ser lambido, lambuzado, entre os dedos,
vem girar os calcanhares no meu rosto,
torturador sádico,
querendo extorquir segredos.
Vem me submeter à tua tirania sem idade,
vem violentar
e ser violentado,
cair de pé, em pé de igualdade.
Vem com teu exército de dedos sobre mim perplexo.
Vem pedestal.
Vem sereníssimo, esmagar a cabeça de serpente do meu sexo.
HENFIL
Além das histórias em quadrinhos, Henrique de Souza Filho (1944-1988), o Henfil, escreveu uma peça de teatro, um filme e publicou vários livros. Ele era fetichista dos pés femininos, um dos primeiros a assumir a preferência publicamente.
terça-feira, 10 de novembro de 2009
NA MADRUGADA....
A pegada no braço, leve, mas segura...a puxada...o cabelo nos olhos, o beijo roubado...as mãos nas nádegas
Os corpos juntos...
A mão na nuca.
A fêmea de 4
O zíper aberto
A calça tirada
A fêmea excitada...
O Dom...olhando...
Extraindo
O melhor de sua fêmea
Ela sairá feliz, se sentindo única
E ele vitorioso por domar...
A fêmea rebelde...
SR.ROBERTO
segunda-feira, 9 de novembro de 2009
TREVOR BROWN
Trevor Brown é um artista incrível, nasceu na inglaterra e hoje vive em Tokyo. Seus trabalhos são uma mistura de fetishismo, BDSM, e parafilia; tudo com um toque de inocência, retratados nas imagens infantis de suas ilustrações.
Ele já é bem conhecido, mas para quem nunca ouvir falar vale dar uma navegada em seu site pessoal, é só clicar no nome do artista acima.
QUANDO OLHO PARA MIM....
Quando olho para mim não me percebo.
Tenho tanto a mania de sentir
Que me extravio às vezes ao sair
Das próprias sensações que eu recebo.
O ar que respiro, este licor que bebo,
Pertencem ao meu modo de existir,
E eu nunca sei como hei de concluir
As sensações que a meu pesar concebo.
Nem nunca, propriamente reparei,
Se na verdade sinto o que sinto. Eu
Serei tal qual pareço em mim? Serei
Tal qual me julgo verdadeiramente?
Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu,
Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.
Fernando Pessoa
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